sábado, 27 de setembro de 2008

REVOLUÇÃO FARROUPILHA


Já que estamos no mês de setembro e comemoramos há pouco a nossa revolução, no dia 20, convidamos o professor de História Rinaldo Geremias para comentar os idos passados.

Revolta que ocorreu na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul (atual Rio Grande do Sul) na primeira metade do século XIX (1835-1845). Como causas podemos citar: as idéias liberais que estavam amplamente disseminadas em todo o território nacional. As facções atuantes eram os Caramurus (monarquistas e restauradores), os Farroupilhas (liberais exaltados) e os Chimangos (liberais moderados). Os farroupilhas eram aqueles que defendiam um maior poder administrativo para as Províncias, ou seja, eram favoráveis a descentralização do poder, o qual estava concentrado no Rio de janeiro. A elite rio-grandense começava a se conscientizar do poder econômico que possuíam, porque eram proprietários de estâncias ou charqueadas; devido ao seu poder militar foi possível construir a fronteira da Província. Entretanto, essa elite sentia-se derrotada, pois havia perdido a guerra cisplatina, e o fato tornara-se desgastante. Após a Guerra, eles não receberam nada do governo brasileiro, ocorrendo um processo de desajustes políticos com o mesmo.

A situação piorou quando o governo Regencial, na intenção de buscar mais recursos, ordenou a taxação às elites regionais. Essas taxações eram sobre a terra e para o latifundiário, isso era prejudicial. Nessa contradição, a elite local começou a exigir o poder político, o qual a elite brasileira detinha. Junto à questão política havia a questão econômica. O principal produto econômico de exportação era o charque que era vendido para o abastecimento dos escravos no Nordeste e Sudeste. Nesse período, o produto enfrentava a concorrência do charque argentino e uruguaio. Para resolver tal problema, os produtores reclamavam uma maior proteção para o seu negócio.

Nesse contexto foi que os liberais farroupilhas resolveram não aceitar mais as imposições do governo central, eclodindo uma revolta liberal armada, que eclodiu a 20/9/1835, durando até 28/2/1845.

O episódio mais polêmico da Revolução Farroupilha foi o que ocorreu em Porongos em 1844. Havia uma questão que permanecia insolúvel para a negociação da paz: os escravos libertos pela República para servir ao exército republicano. Para o Império era inaceitável reconhecer a liberdade dos escravizados, embora anistiasse os líderes da mesma revolta. Em Novembro de 1844, estavam todos em pleno armistício. Suspensão de armas, condição fundamental para que os governos pudessem negociar a paz. Por isso o relaxamento da guarda no acampamento da curva do arroio Porongos. Recolheram os cartuchos de munições para colocá-los ao sol para secar. Canabarro e seus oficiais imediatos foram a uma estância próxima visitar a mulher viúva de um ex-guerreiro farrapo. O coronel Teixeira Nunes e seu corpo de Lanceiros Negros descansavam. Foi então que apareceu Moringue, de surpresa, quebrando o decreto de suspensão de armas. Mesmo assim os corpos de Lanceiros Negros, cerca de 100 homens de mãos livres, pelearam, resistiram e bravamente lutaram até a aniquilação, em uma posição de difícil defesa. Além disso, foram presos mais de 300 republicanos entre brancos e negros, inclusive 35 oficiais.